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A ventoinha de Laura Palmer

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Regressam os andróides de Lanthimos . O fascínio? Ainda por lá anda, longe de cessar. Cenário absurdo e de uma frieza plástica que surpreende por conseguir ainda assim despertar a mínima empatia do espectador com as personagens. Presentes encontram-se laivos do papel do homem no seio familiar, fardo pouco frequentemente usado como motivo narrativo, eximiamente desconstruído há uns anos em Force Majeure . Os quadros de The Killing of a Sacred Deer parecem querer ser o pesadelo de um qualquer agorafóbico, crescente no sufoco de uma câmara que de longe observa. Diminui-os na importância do cosmos. O olhar voyeurístico tido à distância, frio, calculado, impassível ao que se desenrola diante de si. A contrariar o seu quê de imóvel encontram-se as ventoinhas de tecto, num movimento contínuo que espreita pontualmente pela margem superior do enquadramento. Paira sobre eles algo prestes a despontar, transparecendo na dança das hélices uma certa inquietação. Não aparentando ser objecto ...

A arte de comer esparguete

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Quem diria que comer esparguete poderia conter o seu quê de perturbador? Ninguém ousa aliar o terror com o girar do garfo, mas The Killing of a Sacred Deer lá o faz. Tensão quase palpável, pelas garfadas de um Barry Keoghan a ter debaixo de olho. Ao falar em esparguete (raras as ocasiões), não há como não resgatar da memória a mítica refeição - nojenta, diga-se - que eleva Gummo no reconhecimento. O esparguete, o leite, o champô e o chocolate. Mescla impensável que é marca de água (suja) de Harmony Korine . Cena que não mais nos abandona. Ou porque não o prato de esparguete de A Clockwork Orange , célebre momento cujo desfecho tão bem se conhece? É favor acompanhar com vinho. A comida, qual sub-género de terror, continua a saber demarcar-se. Não esquecer que foi igualmente em 2017 que o espectador se viu presenteado com a belíssima cena da tarte - sim, essa mesmo, na duração de trilogia - que catapulta A Ghost Story . Seja com esparguete ou tartes fúnebres, o incontestável p...