Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta Opening scene

Uns hipotéticos 93 anos...

Imagem
Se não tivesse falecido em 1996, seriam grandes as probabilidades de ainda estar vivo e capaz de testemunhar o legado que deixou às gerações vindouras. Saul Bass é conhecido essencialmente pelo seu trabalho como designer gráfico, nomeadamente na indústria cinematográfica. Colaborou com grandes nomes da sétima arte, tais como Alfred Hitchcock, Otto Preminger, Stanley Kubrick e Billy Wilder. Os seus genéricos iniciais são extremamente criativos e atractivos, induzindo o espectador para o tema que irão ver tratado no filme. ‘try to reach for a simple, visual phrase that tells you what the picture is all about and evokes the essence of the story. Em Vertigo (1958), observamos um encaixe perfeito no que diz respeito à aparição dos nomes pertencentes ao elenco e equipa técnica. Entramos em órbita através da pupila do par de olhos em questão e são nos dadas luzes sobre o que nos espera assistir. Sabemos entrar numa mente conturbada, espelhada numa espiral de loucura que se pinta de v...

Lars von Trier e os seus prólogos

Imagem
Antichrist chegou em 2009 pelas mãos do realizador dinamarquês para imediatamente causar controvérsia. Inicia o seu filme com um prólogo, uma sequência em slow motion e a preto-e-branco. Um casal a fazer sexo e uma criança a caminhar para a morte, duas situações distintas a acontecer em simultâneo.  A carga da cena é de uma extrema agonia para o espectador, mas por outro lado consegue ser uma das sequências mais belas da história do cinema. Observamos todas as expressões das três personagens envolvidas e os seus passos lentos e demorados. Somos arrastados numa corrente de dor que devido ao seu ritmo lento parece não acabar, nunca deixando de captar a atenção do espectador. Brilhante o momento em que observamos a criança a cair da janela no preciso momento em que a sua mãe está prestes a atingir o orgasmo. No decorrer do filme percebe-se o quanto esta personagem associa o sexo à morte do seu próprio filho. Não deixa de ser interessante ao pensarmos que aquela criança nasceu a par...

O rosto de Kubrick

Imagem
Esta é indubitavelmente uma das melhores cenas da história do cinema. Poucas vezes um filme se conseguiu catapultar com uma cena de abertura tão perfeita. Filmada a partir de um helicóptero que sobrevoava a área, a cena inicial de The Shining (1980)  acompanha o percurso de Jack Torrance (Jack Nicholson), ainda sem revelar esse rosto de protagonismo. O enquadramento apenas indica que naquele carro amarelo se encontra alguém importante e que o mesmo veículo o transporta a um determinado local de elevado destaque. O plano geral reduz a importância da personagem perante todo o cenário que o envolve.  Hoje visualizei o interessante documentário Room 237 (2012) e a aparente superficialidade desta sequência é apenas uma carapaça que não impediu historiadores e teóricos de procurarem o verdadeiro significado por detrás da mesma. Existe uma teoria quanto ao verdadeiro ponto de vista nesta sequência, fortemente apoiado pelo tema Dies Irae  que se faz ouvir durante a mesma. Apes...

A vida nos subúrbios

Imagem
[Spoilers] Uma bela cena que preenche a história do cinema. Refiro-me à sequência de abertura de  Blue Velvet (1986), o filme simbólico e surrealista de David Lynch. Começa com uma leve transição entre os planos, revelando o ambiente vivido nos subúrbios. O slow-motion  é usado de forma a mistificar o local com a calma que lhe é inerente. Tudo aparenta ocupar um tempo e um espaço de forma perfeita, levando o espectador a idealizar o local. Segundos depois dos créditos iniciais dá-se a morte que catapulta a história. Em seguida a câmara ocupa um lugar mais sujo e degradante, ao embrenhar-se por entre a relva até aos limites do solo. Um corpo outrora vivo e a embelezar o cenário de Lynch não será mais do que alimento depois de enterrado. Um submundo sedento que aguarda o protagonista, o filho do homem que perde a vida nestes minutos iniciais. Por detrás da fachada perfeita dos subúrbios, encontra-se uma podridão prestes a ressurgir. A versão de Bobby Vinton da música ...

The Turin Horse

Imagem
Uma das sequências mais belas na história da sétima arte. Refiro-me ao plano-sequência que dá início a  The Turin Horse (2011) , o último filme da carreira do húngaro Béla Tarr. O travelling é executado de uma forma deslumbrante, nunca descurando do enquadramento o que é realmente importante. Quando observo esta sequência sinto sempre um arrepio perante a perfeição que testemunho. A direcção de fotografia do filme é das melhores surpresas dos últimos anos. Perante todos as adversidades do tempo, sentimos o peso da vida no cavalo que dá nome ao filme. A música Mihâly Vig consegue ser enigmática e arrepiante, acompanhando a imagem de forma sublime. Para mim, não é apenas a melhor sequência do filme, como também uma das melhores da história do cinema. 

Uma vida em poucos minutos

Imagem
Posso não ser da consensual opinião de que é um dos melhores da Pixar, mas reconheço-lhe a meticulosa qualidade presente na cena inicial do filme. Falo portanto de Up (2009) . Como é que personagens animadas nos conseguem transmitir uma carga dramática tão acentuada? São pouco mais de oito minutos de uma vida na sua total vivência. Carl, o nosso velho protagonista, e Ellie, o seu grande amor desde que se conheceram durante a infância. A música do compositor Michael Giacchino acompanha sincronizadamente os altos e baixos da relação. Poucos minutos animados que atingem um nível de humanidade raro dentro do género. Acompanhamos uma vida e ficamos destroçados com o que vemos. E por tudo isto e muito mais, é uma cena que merece destaque na história do cinema.