Óscar - Melhor Filme
Falta menos de um mês para a tão aguardada cerimónia de entrega dos Óscares que se realiza no dia 24 de Fevereiro. Pela primeira vez consegui realizar a tarefa que coloco na lista ano após ano: visualizar todos os filmes nomeados na categoria principal dos prémios da Academia. Devo reconhecer que nesta selecção se encontram alguns filmes realmente competentes e outros que se elevam a um estado de excelência. Claro que penso sempre na possibilidade de trocar alguns destes filmes por outros que não tiveram qualquer reconhecimento mas quanto a isso pouco ou nada adianta pronunciar palavra. Resumindo e concluindo, entrego este "óscar" aos produtores de Amour. Seguem-se os nomeados na categoria principal de acordo com a minha ordem de preferência.
- Amour, de Michael Haneke
Em primeiro lugar assumo-me como um fã acérrimo deste realizador. Já visualizei todas as suas obras e esta revelou-se como uma das maiores demonstrações da sua genialidade. O argumento pode aparentar simplicidade e até mesmo banalidade, mas tudo isso são precipitações nuas de qualquer fundamento. É em tudo um estudo daquelas duas personagens e do patamar da vida que elas representam e para o qual todos caminhamos. Mas acima de tudo, e como o título evidentemente indica, é sobre o amor no seu estado mais puro. Um cenário que poderia denominar-se de minimalista acolhe estas duas personagens num momento terminal das suas vidas e claramente íntimo. Os planos são de um cuidado extremo, bem como a montagem que os liga. As representações, principalmente a de Emanuelle Riva, são de uma profundidade extraordinária. A actriz fala com todo o seu corpo e até mesmo com a ausência do mesmo. Basta o seu simples olhar para lhe sentirmos a alma e tudo o que quer transmitir. Por tudo isto e muito mais, Amour continua a ser o meu filme preferido do ano transacto. - Django Unchained, de Quentin Tarantino
Costuma-se dizer que basta referir o nome do Tarantino para definir o filme e consecutivamente atribuir-lhe uma etiqueta de qualidade. Este é o meu quarto filme do realizador e começo a embarcar nessa generalidade. Tem todos os elementos que se pode pedir na sétima arte. O argumento é realmente extraordinário. Os diálogos são de uma fluidez e inteligência impressionante. Apesar de não ver essa hipótese com muitas possibilidades de concretização, posso afirmar que ficaria realmente satisfeito se saísse da noite com o cunho de melhor filme do ano. - Argo, de Ben Affleck
Quando penso na evolução do Ben Affleck fico realmente satisfeito com o percurso demonstrado. Não como actor, mas sim como o realizador emergente que se afirma ser. Este é sem dúvida o seu melhor filme até à data e uma excelente surpresa para mim como espectador. Decidi explorar o filme com pouco conhecimento sobre o mesmo e durante as duas horas fui surpreendido uma e outra vez. Argumento extremamente bem estruturado e uma montagem que lhe confere fluidez. Uma realização que merecia claramente a atenção por parte da Academia. Muito provavelmente o grande potencial vencedor deste ano. - Life of Pi, de Ang Lee
Apesar de todo o seu teor religioso, esta foi uma óptima surpresa. Quando as duas horas se extinguiram deu-me uma vontade súbita de ler a obra literária a partir da qual o filme se originou. E creio que esse é um dos maiores elogios que posso atribuir a um filme. A interacção da dupla protagonista emocionou-me e a cinematografia conseguiu maravilhar-me. Uma realização mais do que competente assinada por Ang Lee. - Beasts of the Southern Wild, de Benh Zeitlin
Quanto a este não consegui ainda arranjar os adjectivos certos para espelhar o que senti após a sua visualização. O que é certo é que o argumento atinge uma profundidade muito maior do que superficialmente aparenta. Uma performance bastante competente para a pequena protagonista. - Zero Dark Thirty, de Kathryn Bigelow
Ainda não tive oportunidade de ver o seu anterior filme que a Academia tanto teve em conta, mas este é realmente um filme bastante competente. Uma dramatização fiel de um século negro no que diz respeito ao terrorismo. Uma realização e montagem refinadas. Quanto à representação da Jessica Chastain, não partilho da opinião geral de que se excedeu a si própria. A meu ver, o principal rival de Argo nesta categoria. - Lincoln, de Steven Spielberg
Esta biografia está ao nível do número seis num patamar de qualidade. São 2h30min que não passam assim tão facilmente quando comparado com outros filmes do mesmo ano e com duração semelhante. Mas é um retrato fiel ao homem que foi Abraham Lincoln e a sua importância na abolição da escravatura nos EUA. Steven Spielberg realiza assim uma bela homenagem. E fá-lo com uma notável mestria, da qual já deu mostras em realizações anteriores. Daniel Day-Lewis com uma representação capaz de suportar o restante filme às costas. Outro filme com possibilidades de vencer. - Les Misérables, de Tom Hooper
Confesso que me custou um pouco em certos momentos a presença constante do canto, pois o argumento requeria uma força conseguida mais naturalmente em diálogos "falados". Apesar das músicas não serem de todo pedaços de genialidade, é um musical que entrega 2h30min num abrir e fechar de olhos. Exceptuando a representação do Russell Crowe que roça a mediocridade, o restante elenco está competente. Destaca-se a pequena representação de Anne Hathaway, que entrega na música "I Dreamed a Dream" o melhor momento do filme de Tom Hooper. - Silver Linings Playbook, de David O. Russell
Quanto a este filme é melhor não me pronunciar demasiado pois arrisco-me a encher as últimas linhas deste post com palavrões e adjectivos que espelham a mediocridade. A nomeação deste pedaço de cinema continua a ser um mistério para mim. Aliás, todas as suas nomeações e vitórias pelos festivais que decorreram nos últimos meses são um enigma para mim. O argumento é banal e as representações altamente elogiadas não são mais do que competentes. Quatro actores neste filme preenchem as quatro categorias dos óscares que valorizam esse mesmo trabalho. Quanto a mim, nenhum merecia a nomeação. Quanto a David O. Russell, é incompreensível para mim a sua presença entre os "melhores" realizadores. Ocupa apenas um lugar que pertence ao Quentin Tarantino, Ben Affleck ou até mesmo Kathryn Bigelow. Já estou aqui a abordar outros campos e outras categorias que não deviam ser para aqui chamadas, mas tudo para fortalecer o meu ódio de estimação do ano.
Argo é o melhor!!!!!
ResponderEliminarcompreendo a sua revolta no ultimo filme que refere no post.
ResponderEliminarsaudações
Deviam ter pedido a nossa opinião antes de terem nomeado este último filme. Tenho dito!
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