Melancholia e a colisão do falso sorriso
Justine entra em cena de sorriso no rosto. Radiante, imaculada, perfeita na senda do padronizado. Mulher. Filha. Irmã. Funcionária. Recém-casada. O sorriso é alicerce aos papéis a desempenhar. É rótulo e certificado de felicidade aos olhos daqueles que a rodeiam. Assim lho exigem, qual animal de circo que tem de lhes reconhecer a presença. “My dear girl, you look…glowing today. Never seen you look so happy.” , afirma o pai a determinada altura. A sua felicidade é validada como expoente máximo por todos excepto pela própria. Carrega às costas o peso de idealizações terceiras, de rituais, tradições que lhe ditam um limiar a transpor no propósito de ser feliz. John: You’d better be goddamn happy. Justine: Yes, I should be. I really should be. É no esbater gradual do sorriso que temos a maior pincelada na caracterização da personagem, por directo contraste ao até então apresentado. Sinal de aviso, novo capítulo num historial clínico que a demarca inútil no seio de uma s