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A mostrar mensagens de outubro, 2013

TCN Blog Awards 2013

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É com enorme satisfação que vejo este pequeno espaço nomeado em duas categorias, sendo estas de Novo Blogue e Crítica de Cinema . É uma honra poder estar emparelhado com muitos outros autores de boas críticas desta sétima arte que tanto idolatramos. Muito obrigado pela distinção. Boa sorte a todos.  Podem consultar as categorias na íntegra aqui . Passo a transcrever a crítica nomeada: The Last Laugh (1924) Título Original:  Der letzte Mann Realização:  F.W. Murnau Argumento:  Carl Mayer [Spoilers] Muitos teóricos e historiadores que se debruçam sobre a sétima arte afirmam que algo se perdeu com o advento do primeiro filme sonoro em 1927. A nova possibilidade de transmitir uma ideia através do recurso a diálogos sincronizados com o som traria também uma conotação negativa. Perante tal possibilidade, surgiria o facilitismo das histórias e uma certa preguiça em inovar através da imagem. Uma nova mentalidade surgia, na qual a imagem não era mais o principal meio atra

Plano-sequência (#7): Children of Men (2006)

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Com Gravity a surpreender pela positiva tanto na bilheteira como no círculo da crítica, Children of Men é um óptimo filme a rever como lembrança daquilo que Alfonso Cuarón é capaz como realizador. Não poderia reclamar melhor filme para encerrar esta primeira edição de selecção de planos-sequência. Uma rubrica que se pretende mensalmente regular, com uma semana especialmente dedicada à abordagem dos melhores exemplos na arte desta técnica que tanto admiro.  E é com uma perfeita noção de justiça que incluo os seus planos na mesma edição que se preenche com nomes como Tarkovsky, Godard, Welles, Haneke, etc. A par com o já abordado Touch of Evil , o filme de Cuarón apresenta os planos-sequências mais complexos. Não sendo possível a derradeira escolha, são assim destacados os dois planos-sequência mais ambiciosos.  26:13 - 30:21 Automóvel. Tarde. Interior. A câmara afasta-se do protagonista que se encontra a dormir no banco de trás. Distancia-se até integrar no enquadramento a mul

Plano-sequência (#6): Touch of Evil (1958)

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Celebrado como um dos maiores feitos na história da sétima arte, a abertura do filme de Orson Welles funciona como uma mini-narrativa que se desenrola no tempo real de pouco mais de três minutos. É realizada com o intuito de catapultar o filme mas também como forma de captar a total atenção do espectador, aquele que possui mais informação visual que todos os habitantes do mundo diegético. Funciona como uma confidência para com o espectador, que se limita a aguardar um acontecimento iminente.  Inicia-se com um enquadramento aproximado, destacando o objecto que se assume como o cerne da acção. A bomba é programada e esse mesmo relógio delimita a duração do plano-sequência. A partir daquele instante, o automóvel que alberga a bomba é o motivo que grita pelo movimento da câmara.  É usada uma grua ( crane shot ) para poder cobrir toda a acção, sendo assim possível fechar e/ou alargar o enquadramento. A câmara antecipa o percurso do veículo e eleva-se para dar lugar a um ângulo picado,

Plano-sequência (#5): Boogie Nights (1997)

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Não é o único plano-sequência a ter em atenção na 2 ª longa-metragem da carreira de Paul Thomas Anderson mas é sem dúvida o mais engenhoso. Ao som de Best of My Love , o plano começa por enquadrar as letras em néon que ilustram o título do filme. Dessa forma conseguia assim garantir que o estúdio não pudesse tomar a liberdade de mudar o título que ele havia escolhido em primeiro lugar. A câmara sobe e muda de ângulo por instantes, enquadrando o nome da cidade em questão. Inverte o movimento e estabelece-se agora uma visão geral do espaço. O uso da steadicam confere uma fluidez que consome a atenção do espectador.  O automóvel a seguir já se encontra em campo e a câmara limita-se a acompanhá-lo. Tudo se encontra perfeitamente orquestrado, com as entradas e saídas dos figurantes coreografadas para preencher o quadro em movimento. Todas as peças se encontram no seu devido lugar, aumentando ainda mais a sensação de mestria do plano-sequência. Quando o veículo estaciona, dá-se a introduç

Plano-sequência (#4): Le Révélateur (1968)

Philippe Garrel larga nas mãos do espectador um filme de cariz experimental, cuja total compreensão parece de alguma forma inatingível. Um filme mudo que apela à sua audiência com imagens marcantes, incluindo nas mesmas símbolos universais.  São muitos os planos-sequência que poderiam ganhar destaque de forma a ilustrar o filme. Aquele que aqui se protagoniza arranca com um ritmo acelerado com a câmara já em movimento. Observa-se uma vedação de arame farpado no primeiro plano do enquadramento, a qual se mantém presente na totalidade do plano. Um homem e uma mulher levantam do chão uma criança chorosa. As mãos enlaçadas e a criança no colo transmitem os valores familiares e a necessidade de protecção que acorre daquele momento. Inicia-se a corrida, com os olhares sempre lembrados a cobrir a retaguarda do espaço que gradualmente abandonam. Está criado o palco onde as personagens podem trabalhar o tempo e o espaço. É visível a associação com um campo de guerra. Uma banda-sonora germina

Plano-sequência (#3): Nostalghia (1983)

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Alguns minutos antes dos planos finais, Tarkovsky entrega nesta sua sexta longa-metragem um dos mais belos planos-sequência da história da Sétima arte. A acção desenrola-se de forma subtil, apoiada num cenário natural. O escritor protagonista tem apenas um objectivo: percorrer a totalidade da piscina drenada sem perder a chama da vela durante o percurso. Inicia o acto pela margem direita do enquadramento, à qual retorna sempre que a chama se extingue e necessita de recomeçar. Durante o acto a chama extingue-se por duas vezes, sendo igualmente duas as vezes que o escritor efectua o percurso inverso da esquerda para a direita. A câmara limita-se a acompanhar o corpo que enquadra, recorrendo a um travelling lateral para cobrir todos os seus passos. Mas deixa igualmente uma distância razoável relativamente ao sujeito filmado, entregando assim o tempo e espaço necessários à sua performance . Descabido rotular tal desempenho como uma performance ? Afinal de contas, o espectador funciona com

Plano-sequência (#2): Week end (1967)

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É inegável a presença de vários simbolismos no decorrer dos filmes de Jean-Luc Godard, passíveis de serem descodificados ao longo de várias visualizações. Pequenos pormenores que podem ilustrar a postura política do realizador ou a sua visão perante um sociedade apodrecida.  No plano-sequência em questão, pequenas pistas para a sua crítica social são dispostas pelo espaço a ser enquadrado. O plano inicia-se com a câmara em pleno movimento, ao criar espaço para que o automóvel protagonista possa preencher o campo. O enquadramento revela um automóvel azul, seguido por um branco, que por sua vez precede um vermelho. Alinhados por essa ordem, constroem desse modo a bandeira francesa. O poder legislativo apoia-se na cor azul, sendo que o primeiro veículo o representa. Observam-se várias malas de viagem no tejadilho do mesmo. Prenúncio para a queda das leis, deixando assim o ser humano à margem das regras e condutas que o comandam. Segue-se a cor branca, que ilustra o poder executivo. E e

Plano-sequência: Code Inconnu (2000)

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Após um prólogo cujos códigos se apresentam como inacessíveis para uma mão cheia de indivíduos, o filme do austríaco Michael Haneke catapulta-se a si próprio com um brilhante plano-sequência. Aliás, dá-se no filme em questão uma hegemonia dos planos-sequência, notando-se um claro menosprezar da montagem como meio de produzir um significado maior. As questões que Haneke pretende abordar respiram na íntegra através da sua realização.  O plano-sequência a abordar introduz as várias problemáticas que recebem a atenção do ponto de vista do realizador. Dez minutos que se fazem passar com o auxílio de um travelling lateral , que acompanha o percurso de determinadas personagens numa avenida parisiense. Inicia-se com o deslocamento de uma personagem que se introduz no mundo do enquadramento pela margem esquerda. A câmara já se encontra à sua espera e imediatamente se iguala no trajecto, caminhando para a direita do enquadramento progressivo. Uma segunda personagem, desta feita masculina, jun