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A ventoinha de Laura Palmer

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Regressam os andróides de Lanthimos . O fascínio? Ainda por lá anda, longe de cessar. Cenário absurdo e de uma frieza plástica que surpreende por conseguir ainda assim despertar a mínima empatia do espectador com as personagens. Presentes encontram-se laivos do papel do homem no seio familiar, fardo pouco frequentemente usado como motivo narrativo, eximiamente desconstruído há uns anos em Force Majeure . Os quadros de The Killing of a Sacred Deer parecem querer ser o pesadelo de um qualquer agorafóbico, crescente no sufoco de uma câmara que de longe observa. Diminui-os na importância do cosmos. O olhar voyeurístico tido à distância, frio, calculado, impassível ao que se desenrola diante de si. A contrariar o seu quê de imóvel encontram-se as ventoinhas de tecto, num movimento contínuo que espreita pontualmente pela margem superior do enquadramento. Paira sobre eles algo prestes a despontar, transparecendo na dança das hélices uma certa inquietação. Não aparentando ser objecto ...

A vida nos subúrbios

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[Spoilers] Uma bela cena que preenche a história do cinema. Refiro-me à sequência de abertura de  Blue Velvet (1986), o filme simbólico e surrealista de David Lynch. Começa com uma leve transição entre os planos, revelando o ambiente vivido nos subúrbios. O slow-motion  é usado de forma a mistificar o local com a calma que lhe é inerente. Tudo aparenta ocupar um tempo e um espaço de forma perfeita, levando o espectador a idealizar o local. Segundos depois dos créditos iniciais dá-se a morte que catapulta a história. Em seguida a câmara ocupa um lugar mais sujo e degradante, ao embrenhar-se por entre a relva até aos limites do solo. Um corpo outrora vivo e a embelezar o cenário de Lynch não será mais do que alimento depois de enterrado. Um submundo sedento que aguarda o protagonista, o filho do homem que perde a vida nestes minutos iniciais. Por detrás da fachada perfeita dos subúrbios, encontra-se uma podridão prestes a ressurgir. A versão de Bobby Vinton da música ...