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A melodia dos pistoleiros

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Um olhar que aponta o rumo a tomar pela câmara. Outro que devolve a tensão sentida no ar. Olhares que tanto dizem na sua mais pura essência. Olhares que antecipam um instante que pode catapultar toda uma sucessão de acontecimentos. A câmara enquadra o pormenor quase indistinguível do alcançar da arma. Uma dúzia de dedos que se exigem tão cautelosos quanto rápidos. A antecipação mostra-se como um momento deveras crucial e nela reside a verdadeira prova do valor de cada um. Olhares que batalham nos meandros de um deserto árido. Um jogo entre close-ups  e planos gerais, que nos aproximam e distanciam de um momento quase íntimo. O barulho das cigarras a preencher a imensidão do vazio e os cavalos prontos a relinchar ao som das balas disparadas. E chega o dito instante. Aquele milésimo de segundo que já se encontrava em processo de germinação na mente do espectador. Tudo graças à extensa antecipação. Corpos caem e passam a ser não mais do que meros invólucros do vazio. Um tiro que...

A muleta da imagem (IV)

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Se há compositor que dispensa qualquer tipo de apresentações esse é o lendário Ennio Morricone. Detentor da mestria exibida na banda-sonora de Nuovo Cinema Paradiso (1988) , volta a fazer-me sentir arrepiado com as suas faixas sonoras no filme Once Upon a Time in the West (1968) . O tema que envolve a protagonista Jill (Claudia Cardinale) é de uma beleza incrível. O único ponto de vista feminino na obra de Sergio Leone espelhado de uma forma perfeita. Notas que roçam o irreal. Ennio Morricone deixa-me mais uma vez boquiaberto. 

A montagem da censura

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[Spoilers] A cena final do filme Nuovo Cinema Paradiso (1988) , realizado por Giuseppe Tornatore, é uma das mais marcantes da história do cinema. Tornou-se um ícone na medida em que cortava com o pudor inerente a uma censura que ainda se afirma nos dias de hoje em algumas partes do globo. Quando Salvatore regressa ao Cinema Paradiso descobre que Alfredo deixou um filme montado por si. Ora o referido filme é nada mais do que as várias cenas de beijos outrora cortadas que Alfredo juntou para formar esta pérola. O padre local ordenava que as cenas que continham beijos fossem sempre cortadas, de forma a nunca alimentar a visão dos espectadores com tais actos romanceados. Alfredo acumula durante anos e anos os vários frames rejeitados para mais tarde os libertar da censura que os rotulava. Salvatore assiste ao pequeno filme e esvai-se em lágrimas. O espectador sente o mesmo quando tem como fundo a maravilhosa música de Ennio Morricone. Beijos partilhados numa cena extremamente poderosa que...