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A mostrar mensagens de maio, 2013

América segundo a lente de Michael Moore

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Um pequeno sketch pelas mãos dos criadores de South Park e que faz parte integrante do documentário de Michael Moore Bowling for Columbine (2002) . A evolução da América com a posse de armas como pano de fundo. 

Crítica: The Night Porter (1974)

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Título Original: Il Portiere di notte Argumento: Liliana Cavani Realização: Liliana Cavani Elenco: Dirk Bogarde; Charlotte Rampling [Spoilers] Viena. 13 anos se passaram desde os acontecimentos monumentais da 2ª Guerra Mundial. A sociedade retoma gradualmente os seus eixos padronizados, com a memória impregnada de algo que mudou para sempre a história da humanidade.  Outrora oficial SS. Actualmente porteiro de um hotel. É assim que descobrimos o protagonista, alguém que se encontra em plena procura pelo esquecimento. Encontra-se a meio de um processo do qual espera poder sair eternamente ileso de todos os crimes cometidos no passado, entre os quais se encontram várias ordens de execução. O seu novo cargo visa a disponibilidade imediata a clientes, estes que abusam do poder e da superioridade com que se investem. Outrora oficial precursor de crimes horrendos. Actualmente porteiro submisso aos caprichos de terceiros. Certo dia, o seu processo de esquecimento é interrompi

Crítica: Holocausto Canibal (1980)

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Título Original: Cannibal Holocaust Realização: Ruggero Deodato Argumento: Gianfranco Clerici Elenco: Robert Kerman; Gabriel Yorke; Francesca Ciardi; Perry Pirkanen [Spoilers] Cerca de cinco anos depois da estreia de Salò, or the 120 Days of Sodom (1975) , o terreno italiano volta a distribuir mais um filme-choque, que viria a ganhar um lugar de relevo na história da sétima arte. Várias décadas depois com uma censura muito menos restrita, ambos ainda se encontram banidos em inúmeros países por todo o mundo. Mas não é a mestria do filme de Pier Paolo Pasolini que pretendo aqui destacar.  Polémico. Chocante. Controverso. Visceral. Perverso. Crítico. Perturbador. Não é difícil atribuir tais adjectivos ao filme canibalista de Deodato. A tarefa realmente difícil passa por eleger o momento que cria maior incómodo para o espectador. Um leque de escolhas bastante alargado: uma mulher violada e arrastada pela lama como se de um suíno se tratasse; outra "simplesmente" em

Porque os trailers também merecem (XI)

Depois de Waltz with Bashir (2008) , Ari Folman promete voltar a fazer das suas em  The Congress (2013). Baseado na obra The Futurological Congress de Stanislaw Lem, o filme aparenta ser algo de cariz único na sétima arte, misturando animação e acção real de uma forma extremamente bela. Posso afirmar que o trailer me deixou completamente absorto e que esta é a desculpa que tanto procurava para finalmente folhear uma obra do escritor polaco.  Aqui fica o link:  http://www.dailymotion.com/video/xzupmd_the-congress-trailer_shortfilms

Crítica: The Killers (1956)

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Título Original: Ubiytsy Realização: Andrei Tarkovsky; Aleksandr Gordon; Marika Beiku Argumento: Andrei Tarkovsky; Aleksandr Gordon; (a partir do conto de Ernest Hemingway) [Spoilers] O conto de Hemingway a partir do qual se alimenta esta curta-metragem, data de 1927 mas só chega à União Soviética vários anos mais tarde, tal como toda a sua obra. Tarkovsky tentava estar sempre a par do que se fazia na literatura e no cinema, de forma a absorver os movimentos artísticos que fervilhavam à sua volta. A história do escritor americano, na altura ainda vivo, despertou-lhe interesse de forma a adaptá-la na forma de um pequeno filme. Apesar de estar atrás das câmaras com mais dois colegas num mesmo nível de importância, muitas das suas sugestões foram bem aceites de forma a integrarem o resultado final.  O filme centra-se num pequeno restaurante, cujo dono serve dois homens que acabam por actuar como gangsters  em busca de uma vítima específica para matar. Decidem esperar até às 1

Uns hipotéticos 93 anos...

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Se não tivesse falecido em 1996, seriam grandes as probabilidades de ainda estar vivo e capaz de testemunhar o legado que deixou às gerações vindouras. Saul Bass é conhecido essencialmente pelo seu trabalho como designer gráfico, nomeadamente na indústria cinematográfica. Colaborou com grandes nomes da sétima arte, tais como Alfred Hitchcock, Otto Preminger, Stanley Kubrick e Billy Wilder. Os seus genéricos iniciais são extremamente criativos e atractivos, induzindo o espectador para o tema que irão ver tratado no filme. ‘try to reach for a simple, visual phrase that tells you what the picture is all about and evokes the essence of the story. Em Vertigo (1958), observamos um encaixe perfeito no que diz respeito à aparição dos nomes pertencentes ao elenco e equipa técnica. Entramos em órbita através da pupila do par de olhos em questão e são nos dadas luzes sobre o que nos espera assistir. Sabemos entrar numa mente conturbada, espelhada numa espiral de loucura que se pinta de v

A arte dos Posters (XLIII) - Saul Bass

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Vertigo (1958), Alfred Hitchcock Saint Joan (1957), Otto Preminger Love in the Afternoon (1957), Billy Wilder The Firemen's Ball (1967), Milos Forman Anatomy of a Murder (1959), Otto Preminger Schindler's List (1993), Steven Spielberg  (Poster não distribuído)

A muleta da imagem (VI)

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Depois de ver Waltz with Bashir (2008) , um dos aspectos que ainda deambula pelos meandros da minha mente é definitivamente a melancólica banda-sonora. A faixa The Haunted Ocean complementa uma das cenas mais belas do filme. Se não se fizesse valer por muito mais, podia ser um filme de respeito apenas com esta sequência.

Crítica: Pietà (2012)

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Argumento e Realização: Kim Ki-duk Elenco: Lee Jung-jin; Jang Mi-sun. [Spoilers] Era uma vez um homem que emprestava dinheiro a pessoas que tudo dariam para o ter. Era uma vez um rapaz que cobrava as dívidas. Era uma vez uma criança que regrediu até à idade da inocência ao ver a sua mãe regressar trinta anos após o ter abandonado. O nosso protagonista Kang-do (Lee Jung-jin) vê a sua mãe regressar para lhe dar o amor que sempre teve em falta. Inicialmente relutante perante a aproximação da mulher que o abandonou segundos após o ter trazido ao mundo, acaba por lhe dar uma oportunidade. É interessante como na maioria dos filmes o espectador tenta analisar a personagem e os seus respectivos actos na esperança de atribuir alguma culpa às suas origens, à forma como foi criado. E aqui nem necessita de o fazer, pois a mãe aparece para relembrar o filho e o espectador de que a sua ausência é a verdadeira catalisadora do monstro que se gerou. E é precisamente com esse ponto de vi

O close-up como catalisador de emoções

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Pela óptica do teórico Béla Balázs, o close-up permite distanciar o cinema do teatro. Consiste, tal como o próprio nome indica, em fechar o enquadramento até se restringir somente àquilo que quer destacar, seja um rosto humano ou um objecto inanimado. Ao “cortar” o corpo da personagem, de forma a reduzir o campo de visão para o rosto, é possível criar uma distanciação entre espectador e personagem. “A expressão facial é a mais subjectiva manifestação  do homem, mais subjectiva ainda do que a fala, porque o vocabulário e a gramática estão sujeitos a convenções e regras mais ou menos válidas universalmente. Enquanto a representação dos traços do rosto [...] não é governada por regras objectivas, ainda que seja em larga medida uma questão de imitação. O close-up torna objectiva essa que é a mais subjectiva e individual das manifestações humanas” ( Theory of the film ) La Passion de Jeanne d'Arc (1928), uma das maiores preciosidades da era do cinema mudo, é um dos filmes que melh

Indie Lisboa '13: Metamorphosen

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O alemão Sebastian Mez tinha em mãos uma tarefa difícil, filmar uma ameaça invisível. O seu filme de final de curso pega num tema pouco divulgado pelos meios de comunicação social, fornecendo ao espectador o contexto histórico e visual das áreas em questão.  Ficando apenas atrás de Chernobyl e Fukushima, Mayak é conhecido como o complexo industrial que se tornou palco de um dos maiores desastres nucleares que pintam a história da humanidade. Em 1957, quase 100 toneladas de desperdícios tóxicos são libertados, contaminando grande parte das áreas circundantes. Apesar das inúmeras mortes e sequelas a longo prazo, o governo soviético ocultou o incidente durante 30 anos, contribuindo para o conhecimento empobrecido do público em geral.  Actualmente, o realizador tem de se conformar a filmar o megalómano incidente de forma mais contida, focando-se no visível, os efeitos que ainda permanecem. Nem mesmo a central nuclear tem direito a um plano mais aproximado, visto que a autorização pa

Ordet e o Teatro Filmado

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Béla Balázs levanta questões quanto à distanciação entre cinema e teatro filmado. A que meios recorre a linguagem cinematográfica para adaptar ao grande ecrã algo que à partida tinha todas as características para funcionar num palco de teatro? “Quando e como a cinematografia se tornou uma arte específica independente usando métodos muito diferentes do teatro e usando uma forma  linguística  totalmente diferente? Qual a diferença entre teatro filmado e arte cinematográfica? Sendo ambos igualmente filmes projectados numa tela, porque digo que um é apenas reprodução técnica e o outro uma arte criativa independente?” ( Theory of the film , p.30) Para explorar um pouco a temática, irei debruçar-me sobre Ordet , um filme dinamarquês de 1955 realizado por Carl Theodor Dreyer. Galardoada com o Golden Lion no Festival de Veneza, a película baseia-se na peça homónima de Kaj Munk encenada pela primeira vez em 1932. Relata a história de Morten Borgen, o dono de uma quinta, que carrega nos o

Crítica: The Last Laugh (1924)

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Título Original: Der letzte Mann Realização: F.W. Murnau Argumento: Carl Mayer [Spoilers] Muitos teóricos e historiadores que se debruçam sobre a sétima arte afirmam que algo se perdeu com o advento do primeiro filme sonoro em 1927. A nova possibilidade de transmitir uma ideia através do recurso a diálogos sincronizados com o som traria também uma conotação negativa. Perante tal possibilidade, surgiria o facilitismo das histórias e uma certa preguiça em inovar através da imagem. Uma nova mentalidade surgia, na qual a imagem não era mais o principal meio através do qual se contaria uma história. Confesso que cada vez percebo melhor a ideia dessa tal perda. E pérolas como este The Last Laugh  fazem-me ter orgulho no cinema mudo, nestes primórdios da sétima arte tal como a conhecemos hoje. Para uma maior intensificação da experiência, visualizei este filme alemão sem qualquer som. E por esse mesmo motivo, não posso opinar sobre a banda-sonora composta especialmente para acompan

Abril em Filmes

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Abril ficou marcado pela visualização de uma catrefada de episódios. Séries novas ou simplesmente manter-me a par das que que perderam o gás. Acabei por não ver tantos filmes quanto o inicialmente planeado. Ainda assim, marquei presença em algumas sessões importantes da décima edição do Indie Lisboa.  Um debate sobre fotografia no cinema, no âmbito do festival, revelou-se pouco produtivo e desinteressante. Dei de caras com o mundo de Patrick Jolley, que ainda me assola à mente com a sua peculiaridade. Shirley - Visions of Reality e Leviathan foram agradáveis surpresas, sendo este último uma experiência única numa sala de cinema.  Fora do circuito do festival, debrucei-me mais aprofundadamente no cinema de Tsai Ming-liang, sem mais uma vez ficar desiludido.  Tenho como hábito eleger o melhor filme visualizado no período mensal. Este mês vejo-me bastante dividido nessa eleição. De um lado, Once Upon a Time in the West (1968) faz questão de se reavivar fortemente na minha memória.

A melodia dos pistoleiros

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Um olhar que aponta o rumo a tomar pela câmara. Outro que devolve a tensão sentida no ar. Olhares que tanto dizem na sua mais pura essência. Olhares que antecipam um instante que pode catapultar toda uma sucessão de acontecimentos. A câmara enquadra o pormenor quase indistinguível do alcançar da arma. Uma dúzia de dedos que se exigem tão cautelosos quanto rápidos. A antecipação mostra-se como um momento deveras crucial e nela reside a verdadeira prova do valor de cada um. Olhares que batalham nos meandros de um deserto árido. Um jogo entre close-ups  e planos gerais, que nos aproximam e distanciam de um momento quase íntimo. O barulho das cigarras a preencher a imensidão do vazio e os cavalos prontos a relinchar ao som das balas disparadas. E chega o dito instante. Aquele milésimo de segundo que já se encontrava em processo de germinação na mente do espectador. Tudo graças à extensa antecipação. Corpos caem e passam a ser não mais do que meros invólucros do vazio. Um tiro que se propa

Crítica: César deve morrer (2012)

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Título Original: Cesare deve morire Realização: Paolo e Vittorio Taviani Argumento: Paolo e Vittorio Taviani  Elenco: Salvatore Striano; Cosimo Rega; Giovanni Arcuri.  [Spoilers] Um grupo de indivíduos escolhidos para representar em palco a peça de William Shakespeare Júlio César . Uma premissa que pareceria simplista obstante o facto de serem reclusos a encarnar as personagens. É precisamente nesse aspecto que reside a alma deste filme. É-nos fornecida a informação dos crimes ou infracções que os puseram ali em primeiro lugar e cabe ao espectador decidir com que óculos observa estes prisioneiros moldados em personagens. É interessante a posição que a câmara adopta no casting, ao oferecer-nos um enquadramento unicamente focado na tentativa de representação de cada um dos reclusos. Como se durante uns minutos o realizador nos quisesse fazer esquecer dos feitos destes homens e do ambiente onde nos encontramos. E quase que inevitavelmente optamos por ignorar que não esta