Words, Words, Words... (act. 24/11)
[Spoilers] No seguimento da curta-metragem anteriormente publicada, reciclo esta pequena pérola de animação. Tal como a anterior, esta lida igualmente com a comunicação e todas as suas vertentes.
Tantas vidas entrelaçadas neste estabelecimento. Histórias e intrigas são contadas e passam de boca em boca. Amores e desilusões do mesmo. Relações que espelham cansaço. Michaela Pavlátová tem um conjunto de obras bastante interessantes e esta pérola é talvez a que se destaca mais. A animação tem o nome de Words, Words, Words (1991), título que revela toda a essência desta curta com cerca de oito minutos. Creio que está patente na visualização de cada espectador o reconhecimento de tantas e mais algumas expressões populares que ouvimos e usamos diariamente, e nas quais de certa forma nos revemos. Nós próprios temos o conhecimento de histórias que são contadas diariamente com um ponto a ser acrescentado pelo seu percurso entre várias bocas e ouvidos. Talvez até contribuímos para esse "telefone estragado". A coscuvilhice toma dimensões exageradas quando observamos um elefante a flutuar pela sala, uma metáfora para uma verdade que apesar de óbvia acaba por ser ignorada. Quando o tema de assunto é de algum modo discutido, acaba por deixar de ter assim tanta importância e o elefante transforma-se num rato.
As palavras que tentam quebrar o gelo num ambiente notavelmente pesado. As palavras que entram por um ouvido e saem por outro. As palavras que tentam impedir alguém de fugir a uma situação, que a prendem de alguma forma. A cordialidade das palavras num simples aperto de mãos. Por vezes é simplesmente educação e cai por terra perante tamanha falsidade no gesto. Uma discussão acesa alimentada por argumentos contrários.
Típicas personagens nas quais estamos habituados a deitar olho. Uma mulher rica que está farta de ouvir o marido falar de negócios e que alarga as suas conquistas a mesas ao seu redor onde pode encontrar algum solteirão. Velhos que falam sobre conquistas antigas, recorrendo a uma memória que nem sempre se traduz em palavras.
E no centro de todos estes lugares sentados, duas personagens que se apaixonam à primeira vista. Alguma faísca surge entre ambos e as duas personalidades aparentemente complementam-se. Mas há uma peça fundamental que não encaixa no mosaico daquela relação. Pode ser apenas um factor mas que desacredita os restantes. Rapidamente se aniquilam um ao outro. Um amor que não resiste perante o facto da peça não se encaixar no puzzle.
(A curta na íntegra em baixo...)
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