Crítica: Safety Not Guaranteed (2012)


Realização: Colin Trevorrow
Argumento: Derek Connolly
Elenco: Aubrey Plaza; Mark Duplass; Jake Johnson.

[Spoilers] E se a oportunidade de recuar no tempo fosse mais do que um mero parágrafo na ficção científica? 
A premissa do filme pode ser observada no poster do filme, onde se salienta unicamente o anúncio que funciona como ponto de partida para estas personagens. Três colaboradores de uma revista são atraídos pelo anúncio para entrevistar o seu remetente. Um ponto de partida bem definido que se pode proclamar de original. Não desilude a cumprir o objectivo. Simplesmente não consegue ir mais além do que um filme competente. O trio de personagens que acompanhamos desde o inicio é interessante na medida em que espelham pessoas que se encontram estagnadas no tempo sem conseguirem avançar.
Duas personagens à margem da sociedade dita de normal, que se apaixonam. Foi com interesse que observei a gradual aproximação entre as personagens da Aubrey Plaza e do Mark Duplass. Uma relação que proporcionou bons momentos que não roçaram o cliché
A storyline que dizia respeito ao Jeff (Jake Johnson) foi sem dúvida interessante e contribuiu para o tema do filme, ainda que indirectamente. É interessante como ao longo do tempo criamos "personagens" para preencher as pessoas que outrora conhecemos e que não estão mais ao alcance da vista. Passa-se precisamente o mesmo com Jeff, que idealiza uma rapariga muito diferente comparativamente com a que reencontra anos mais tarde. Uma idealização alimentada ao longo do tempo que se defrauda e estilhaça. Pretendia recuperar um tempo e um espaço onde outrora se sentiu bem. Rapidamente se apercebe que tal já não é uma possibilidade. E deixa de lado essa sua luta e limita-se a aproveitar o tempo presente enquanto pode. 
A certa altura dividem-se claramente em dois grupos. Jeff e Arnau (Karan Soni) perseguem um presente enquanto podem. Darius (Aubrey Plaza) e Kenneth (Mark Duplass) tentam modificar e recuperar algo ao recuar no tempo. 
O tempo passa e alimentamos memórias. O tempo passa e apercebemo-nos de que essas memórias são reminiscências de um passado irrecuperável. Ou será de alguma forma recuperável? O argumento batalha de uma forma consistente estas questões, nunca dando uma resposta realmente concreta. E é precisamente nessa ausência de respostas que reside o maior trunfo do filme. 
Achei igualmente interessante o argumento não se ter perdido no teor científico de uma viagem no tempo. Apesar do final objectivo, acaba por ser um recuo no tempo mais sentimental. O elenco oscila entre o fraco e o competente. A banda-sonora acaba por ser um pouco inadequada, com excepção para a música Big Machine interpretada por Kenneth. Apesar de tudo isto, a visualização do filme de Colin Trevorrow acaba por ser uma boa experiência. 

Classificação: 6/10

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