O rosto de Kubrick
Esta é indubitavelmente uma das melhores cenas da história do cinema. Poucas vezes um filme se conseguiu catapultar com uma cena de abertura tão perfeita. Filmada a partir de um helicóptero que sobrevoava a área, a cena inicial de The Shining (1980) acompanha o percurso de Jack Torrance (Jack Nicholson), ainda sem revelar esse rosto de protagonismo. O enquadramento apenas indica que naquele carro amarelo se encontra alguém importante e que o mesmo veículo o transporta a um determinado local de elevado destaque. O plano geral reduz a importância da personagem perante todo o cenário que o envolve.
Hoje visualizei o interessante documentário Room 237 (2012) e a aparente superficialidade desta sequência é apenas uma carapaça que não impediu historiadores e teóricos de procurarem o verdadeiro significado por detrás da mesma. Existe uma teoria quanto ao verdadeiro ponto de vista nesta sequência, fortemente apoiado pelo tema Dies Irae que se faz ouvir durante a mesma. Apesar de filmada num helicóptero e de inclusive a sombra deste aparecer no plano, o significado vai um pouco mais além, remetendo para uma história subliminar apenas notada por alguns. Aconselho a visualização do filme, tem bastante material que visa a exploração das várias temáticas do filme.
Nesta sequência dá-se o destaque de outro factor. Para este grupo de teóricos, o rosto de Stanley Kubrick aparece na forma de um conjunto de nuvens. A meu ver, este suposto cameo subliminar do realizador reflecte uma busca por significado extremamente forçada. Mas visualizem vocês mesmos: na marca dos 2:43 minutos, quando o nome do realizador abandona o enquadramento, a cara do mesmo está moldada nas nuvens. Quanto a vocês, conseguem visualizar dessa forma?
Sem dúvida que esta abertura antevê algo de surpreendente que ficou materializado nesta obra prima do cinema. Tenho o Room 237 em lista de espera e estou muito muito curioso para vê-lo.
ResponderEliminarAconselho a visualização. Apesar de não concordar com muitas das teorias, o documentário é exímio na sua forma de cativar o público e de cultivar interesse por teorias que são à partida pessoais. É bastante interessante e de certa forma funciona como homenagem ao The Shining.
EliminarCumprimentos,
Rafael Santos
Memento mori