Reinterpretação de uma obra - O Sétimo Selo (1957)

No primeiro ano do meu curso, no âmbito da cadeira de "História e Teorias da Arte", foi-nos proposta a realização de um exercício de reinterpretação. A premissa era bastante simples e abrangente, bastava tomar como inspiração um qualquer produto artístico (pintura, escultura, um simples plano de um filme, etc.), de modo a atribuir-lhe características novas, modificando-lhe ou não o seu sentido inerente. Decidi pegar no icónico plano de um dos meus filmes predilectos. Refiro-me a The Seventh Seal (1957) do mestre Ingmar Bergman. Partindo deste filme, fotografei um momento de forma a adulterar o significado. 


Para quem não conhece o referido filme do Bergman, este retrata o percurso de um cavaleiro medieval que procura respostas a questões perante o sentido da vida e a existência de Deus. Quando chega a deixar este mundo, a morte personificada cruza-se no seu caminho para lhe ceifar a vida. O cavaleiro propõe uma partida de xadrez, derivante da qual se irá decidir o seu destino. Se este ganhar, a morte deixa-o viver mas se o inverso se der, a morte pode então efectuar o seu trabalho. 
A minha proposta passava essencialmente por alterar o fatídico final do filme. Aqui o cavaleiro medieval perde tal título para dar lugar a um simples viajante/sonhador anónimo. O tabuleiro de xadrez é transportado para a essência do século XXI e não é mais do que uma playstation, algo que tanto caracteriza esta geração. Visto desse prisma, pretende também ser uma crítica a esse vício pelos videojogos. Também aqui se encontra a dualidade das cores, estando o comando preto associado à Morte e o branco à personagem que triunfa. Também aqui se divaga sobre a vida e a morte mediante um jogo. Mas o resultado é na sua essência diferente, acabando por terminar com a derrota da Morte personificada, sendo esta ideia reforçada com o comando enrolado no pescoço. Perante tal resultado que sempre tomou como uma impossibilidade, esta personagem arquetipal observa ambas as mãos com um ar incrédulo. Ao contrário do plano original do filme, na fotografia pode-se reparar na inferioridade da Morte perante a outra personagem. O limite do topo da cabeça da Morte preenche uma linha inferior no espaço quando comparada com a segunda personagem. A força das personagens é assim invertida. Face à possibilidade da imortalidade, a outra personagem eleva uma lâmpada, esta simbolizando todos os feitos que poderá ainda realizar com o ganho de tempo. 

Comentários

  1. excelente trabalho!
    parabéns também à fotografa ;)

    ResponderEliminar
  2. Caramba! O Playstation nem acho tão estranho, mas fico me perguntando por que você andava com tantas lâmpadas... Incorporou literalmente o sentido mais puro da arte! Muito legal e divertido, inteligente e artístico!

    Abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado Emerson. Pela visita e pelo comentário! :)

      Abraço

      Eliminar

Enviar um comentário